quarta-feira, março 20, 2013

E então, seremos o que daqui a pouco?

"Um homem pode adquirir qualquer coisa na solidão, menos um caráter." Stendhal
Para qual dilema nós vamos nos deixar influenciar?
 

Busca 
"Somos o resultado do que praticamos.";"Nossa essência é descoberta a partir das nossas experiências vividas." são alguns pensamentos que Jean Paul Sartre, representante do Existencialismo que apregoava que deveríamos viver mais, intensamente para nos descobrirmos mais e descobrirmos quem nós realmente somos. 
Seguindo esta lógica, que me parece interessante em termos contemporâneos (e no universo capitalismo e de marcas) é atual. Talvez quando nascemos não temos a dimensão de quem nós seremos e ao longo da vida, da formação, das experiências, das dores, da superação tenhamos uma dimensão de como podemos ser e até onde podemos ir. E a autoanálise e autocrítica ajuda neste sentido para nos fazer distanciarmos de nós mesmos e entendermos nossas ações e os significados daquelas ações cometidas. 

Penso; hoje no mundo contemporâneo que vivemos em mundos fechados e fingimos o 'social' muitas vezes (digo até para mim mesmo) e acabamos não vivendo completamente nossas vidas, imersos em tecnologias e distrações contemporâneas de consumo e de prazer financeiro. Bom? Bom é, as vezes.

Sim, sou a favor da tecnologia e sou um viciado convicto dela, constato. Talvez não tenha todas as dimensões possíveis, ou não as enxergue completamente para entender e interpretar minha essência. Ela existe e (talvez) anos ainda precisam ser vividos para esclarecer-me, quem eu sou. Parto do princípio que exceto aqueles bem-dotados de uma sorte encontram cedo e descobrem o motivo de viverem neste planeta que perpassam 'ser boa pessoa'. 

Provocação
Fazendo uma parábola curiosa com uma disciplina que ganha mais notoriedade, como o design thinking que apregoa: Learning by doing. (aprenda fazendo). Seria ele a exemplificação tangibilizada do Existencialismo? Se descobrir fazendo? Curiosamente é o mesmo mantra dito no universo startup. Coincidência? Entende que o que você faz a partir da sua essência pode refletir em como o mundo será ao seu redor?

Realidade
Talvez este seja o mal de muitas pessoas que passam a vida em desacordo com sua natureza, mesmo que ela seja picar - já dizia o escorpião, e sofrem e se angustiam diariamente buscando uma realidade ou mundos que não são parte do que eles vivem. 

Filosófica ou não a reflexão que faço é que estamos vivendo numa era de um "presente constante". Não entendemos perfeitamente o presente, temos pistas, mas incertas do futuro, e o passado não está servindo mais de modelo, apenas de critério para nossas escolhas. Então o que nos resta? Olhar para dentro. Olhar nossa relação com o mundo e com as pessoas. 

Nossas vidas são sucessões de experiências e conexões, como Alain de Botton disse em Ensaios de Amor (minha leitura atual): "O que é uma experiência? Algo que quebra uma rotina educada e por um breve período nos permite testemunhar coisas com a sensibilidade aumentada que nos concede a novidade, o perigo, ou a beleza- e é com base nas experiências compartilhadas que a intimidade pode crescer." Falta-nos intimidade com nós mesmos? O mundo nos afastou? Falta intimidade com os outros? Falta-nos entender a intimidade, leia-se ter respeito (e empatia?) com os outros?

Adoramos compartilhar experiências, mas será que elas desenvolvem intimidade ou nos afastam? Vemos isso no Facebook claramente. O que as empresas estão realmente desenvolvendo nos afasta delas, das pessoas por puro consumo? Que comportamentos novos elas produzem a partir de nossas ações (produtos, serviços, comportamentos)?

Uma excelente frase do Tim Berners-Lee diz:
“The question is not about what you can do but what people will be able to do with what you are building.”
Não digo que Stendhal esteja errado, talvez exageradamente convicto de algo. Talvez viver/estar na solidão não destrua nosso caráter, mas viver 'fora da solidão' aperfeiçoaria com certeza nosso caráter. E em um mundo compartilhado e social, que tipo de socialização fará você crescer e que tipo de medida, ou até mesmo "entrega" para o seu vizinho, as pessoas e à sociedade podemos fazer?
Somos realmente Marcas Sociais (mesmo dilema vivido do Social Business) ou apenas estamos utilizando a tecnologia para falsear nosso diálogo com as pessoas? "Como humanos, nós precisamos entender qual o papel da tecnologia que nós queremos que ela desempenha em nossas vidas." Como pode-se concluir do último SXSW 2013, o maior evento de tecnologia de negócios dos EUA. 

Então
Afinal, em que mundo estamos e queremos viver? Em que queremos acreditar? O que queremos acreditar em a ver com o que somos? 


Num bate-papo com a Juliana Proserpio, co-founder da Design Echos (e Escola de Design Thinking) que culminou nesta conclusão:

"Estamos vivendo uma sobreposição de mundos. Ao mesmo tempo que já estamos no mundo da era social (da era onde o propósito importa), nós também estamos vivendo simultaneamente no mundo da era industrial, no mundo do da era do conhecimento, no mundo da era digital e etc... A grande pergunta é: em que mundo eu quero viver? Ou seja, qual lógica de mundo eu vou seguir e por consequência reverberar meus atos?"
Concluindo
Com o que Tim diz de forma excelente, levanto a reflexão: O que estamos fazendo (ou produzindo) hoje ajudará ou atrapalhará o como as pessoas farão as coisas no futuro?
(se quiser mude a última parte para 'consumidores"


imagem: fastcompany.com

Nenhum comentário: