quarta-feira, setembro 18, 2013

Inovação no Brasil é incremental e só vem diminuindo o investimento

Segundo a ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial) em relatório Sondagem de Inovação com mais 1.650 empresas, sobre inovação no Brasil. Apontou que vem havendo um declínio gradual e constante nos níveis de inovação entre as empresas pesquisadas de 2010 para cá. E segundo: a constatação que inovação tecnológica no Brasil tem um caráter incremental de melhoria ou de lançamento de novidades que trazem retorno apenas para a empresa, e não para o mercado ou para o mundo. É o que chamamos de inovação com foco no retrovisor: a busca é por sustentar as condições competitivas da empresa, e não por gerar novas oportunidades de ganho ou reposicionamento da marca em seu mercado ou no mundo. 

fonte FDC

Nossas avaliações olham o EU ou a realidade sempre está certa?

As vezes esbarro em leituras paralelas que me fazem refletir no lado profissional. Pelo menos geram reflexões. 

Esbarrei-me no livro "O que você é e o que você quer ser" do psicanalista Adam Phillips. É um livro extremamente bem escrito, denso e que a cada página você precisa parar, olhar para cima e refletir a profundidade do que ele fala, diante de tal raciocínio. Um resumo: ele analisa fatores e aspectos pessoais que influenciam a formação do eu e conviver social. Desde a "frustração", do se sentir pertencente de algo, do "Sair impune", do "Escapar" e da "Satisfação". 

Chegando ao final do segundo aspecto entre tantas reflexões correlacionadas a Shakespeare, Lacan, Freud, entre outros, uma (óbvia) me saltou os olhos: 
"A vida considerada boa é aquela na qual eu compreendo tudo - até certo ponto, o que acontece dentro de mim e nos outros, quem sou eu - ou será aquela na qual eu não preciso compreender, pois a vida analisada seria intolerável?"
Me saltou os olhos pela obviedade que oferece à nós a nossa profunda busca para nos conhecermos mais e do quão descobrir e enxergar nossos erros pode ser tarefa dolorosa e intolerável conscientemente. 

Ainda mais quando vivemos em mercados, departamentos que mal se conversam, mal se conhecem entre si. Ou, quando a empresa contrata um consultor de "Mudança Organizacional" e teoricamente, ele busca compreender os empregados que ali estão para retirar o melhor deles, mas que sua busca apenas acaricia a casca da cultura.

Entender o "não compreender" de que é, a nossa capacidade de querer nos incluir em algo socialmente aceito e sabido, desde precisar entender uma piada, ou saber de uma (última) notícia, de ter aquela sensação de tipo "eu sei do que ele está falando" e esbravejar "eu vi", ou "eu sei do que se trata" e outros (até) olharem para você. O medo de não ser aceito pela tribo do momento é um medo fervoroso de uma solidão momentânea que evitamos passar, cuja suprimos na compra de produtos, alguns deles hedônicos. 

A satisfação de compreender de que quando queremos buscar mudanças, elas costumam começar pela mudança interna, em algumas vezes, da sua atitude perante algo. Fazendo um paralelo ao universo das empresas, é pensar: "O que sua empresa faz hoje (e fez ou deixou de fazer) para chegar a este resultado?", "Por que estamos contratando você mesmo? Mas este realmente é o ponto?"

"Freud nos diz que o conhecimento é o distanciamento; é a forma como medimos as distâncias". Em esta excelente frase, podemos falar de bastante coisa como a medida da arrogância, do ceticismo e da certeza pode nos enganar e criar a distância paradoxal. O quanto mais sabemos de algo e nos aprofundamos, maior temos a possibilidade de enxergar nossas ações de longe para 'voltar' ao ponto de início. O ignorante evita estas medições de conhecimento e ver tudo sempre de perto, como mecanismo de dominação das distâncias. É só analisarmos os efeitos do Pensamento Grupal
Que "acontece quando um grupo toma decisões erradas devido a pressões grupais que levam à a deterioração da eficiência mental, observação da realidade e avaliação moral. (Irving Janis)." ...nada mais é que seguirmos a coletividade se baseando em uma percepção criada mentalmente ou comportalmente e que você percebe como tática para definir suas ações.
Ficamos sempre enfeitiçados pelo saber de nossas situações (e condições das empresas), mas o quanto que ela realmente é verdadeira quando comparados a outras métricas? Quanto que não seguimos nossas intuições?

O que o livro está me ensinando é que podemos obter o conhecimento sobre nós mesmos a partir de nossa busca pessoal, através ou não da evolução de nossas relações interpessoais, como também nossas verdades de mercado pelos números que queremos enxergar porque não toleraríamos nos confrontar com outra verdade.

sexta-feira, setembro 06, 2013

A identidade é construída no suportar da nossa ambivalência

Terminando de ler o livro Identidade de Zygmunt Bauman (que estava há 1 ano a espera na estante) e me pego pensando o quanto é difícil nos entendermos diante de um mundo com tantos estímulos e com tantos convites a nos juntarmos a tribos. Sejam tribos temáticas, ideológicas ou comportamentais. Seja por amigos, pela mídia, pela comunicação ou mesmo criados pela nossa cabeça. Somos vários e somos um, mas optamos por ser vários. Por quê? Quantos vários cabem em nosso um?

Todos em busca no fundo, de uma aceitação, de uma busca ambivalente de ser entendido e construir um relacionamento, mas ao mesmo tempo uma vontade de ser e ter um pensamento independente. Vivemos e morreremos ambivalentes e cultivando uma busca que sempre se autocria a cada novo punhado de contatos humanos ou convites - hoje em dia, tecnológicos. 

Viver é estar em constante ambivalência. A diferença é seu equilíbrio e intensidade de se deixar levar para cada lado. 


Ambivalência

O amor hoje em dia resumido a um estado permanente de busca por uma satisfação efêmera e descartável, cujo, nos dá a falsa impressão de que se conseguimos facilmente nos dá a liberdade de sair dele facilmente. De que a quantidade nos blindaria a incapacidade de nos mostrarmos frágeis e incapazes de lidar com os 'altos e baixos' da satisfação. Tudo é para hoje, ontem e está atrasado. A sociedade do consumo é de consumistas, de produtos e de "amores líquidos" que nos fazem ter a falsa sensação do controle de nossas vidas. Contudo, é contraditório, porque diante de tantos contatos e relacionamentos (de curto-prazo) conseguimos nos construir e nos conhecer, ou, ao menos aceitar o jogo que a vida social impõe. 

A dinâmica de relações que vivemos hoje, nos impõe (princípio de ser aceito numa tribo) optar pela quantidade sempre alta de estímulos como parte integrante de nossa aceitação. E isto se torna nosso combustível operandi, para mantermos um ritmo competitivo em todas as dimensões sociais, familiares e trabalhistas.

Talvez estamos construindo "comboios de identidades" distantes de quem nós somos (ou não), mas mais próximos do mundo líquido de que vivemos. Irreversível? Provável, mas como lidar com a frivolidade da beleza em ter quantidade quando se é fácil tê-la, possuí-la e descartá-la, princípio básico do consumo? 


Ser consumidor é ser consumidor de artefatos que nos induzem a acreditar que eles criam (ou despertam) nossa, ou outras, identidades. Ser consumidor é entender que a lógica do que entendemos hoje como prazeroso e bonito e nobre, pode não ser amanhã. Contudo, a única coisa que fica a cada consumo é nossa lembrança, são nossas emoções. E são elas que formam e reforçam nossa identidade?

"Num mundo onde o despreendimento é praticado como uma estratégia comum da luta pelo poder e pela auto-afirmação, há poucos pontos firmes da vida, se é que há algum, cuja, permanência se possa prever com segurança. Assim, o "presente" não compromete o futuro...Todas essas notícias...atingem diretamente no coração o modo humano de "estar no mundo"...a essência da identidade - a resposta de "Quem sou eu?"...não pode ser constituída senão por referência aos vínculos que conectam o eu a outras pessoas...Precisamos de relacionamento, e de relacionamentos em que possamos servir para alguma coisa, relacionamentos aos quais possamos referir-nos no intuito de definirmos a nós mesmos."

Solução?
Equalizar nossas expectativas de valor e de relacionamento humano seria um "caminho do meio" de lidarmos com esta proliferação de possíveis identidades que conseguimos criar no mundo de hoje. Se desligar não parece uma solução, mas entender como nos comportamos a cada relação, a cada compra, a cada gesto e a cada pré-concepção e pós-atitude nos daria ganhos importantes para lidar com a ambivalência, de forma mais parcimoniosa. 

Porém, o consumo não cessará, então uma mudança pro EU se torna mais importante e mais conflituosa, porém com ganhos a longo-prazo para todos. O que nos falta? A vontade e a capacidade de nos entender neste mundo líquido de 'esconde-esconde' que vivemos em toda relação pessoal, social e comercial que vivemos hoje em dia. O medo de nos confrontar com o erro de nós mesmos e nossas atitudes perante o outro, nos impede de ver quem nó somos realmente e isto constrói a qualidade, a percepção e a expectativa a cada ato, a cada decisão de um líder, a cada gerência de crise, a cada decisão de compra e consumo e, a cada dinâmica de relação e seus efeitos. 

quarta-feira, setembro 04, 2013

Só o investimento salva uma marca

"A própria força de uma grande marca contamina o pensamento dos donos, levando a julgamentos equivocados muitas vezes fatais. As empresas confiam demais nas marcas. Considerando-as invulneráveis, investem menos nelas, tratando o valor da marca como conta bancária inesgotável que precisa de poucos depósitos, independentemente dos valores das retiradas, ou dissipando o dinheiro em "investimentos de marca" que, na verdade, pouco fazem para corroborar a marca. Ignoram ou interpretam erroneamente a inter-relação vital entre marca, produto e concepção do negócio que...determina o valor em longo prazo de uma marca." Adrian Slywotzky, The Upside