quarta-feira, setembro 18, 2013

Nossas avaliações olham o EU ou a realidade sempre está certa?

As vezes esbarro em leituras paralelas que me fazem refletir no lado profissional. Pelo menos geram reflexões. 

Esbarrei-me no livro "O que você é e o que você quer ser" do psicanalista Adam Phillips. É um livro extremamente bem escrito, denso e que a cada página você precisa parar, olhar para cima e refletir a profundidade do que ele fala, diante de tal raciocínio. Um resumo: ele analisa fatores e aspectos pessoais que influenciam a formação do eu e conviver social. Desde a "frustração", do se sentir pertencente de algo, do "Sair impune", do "Escapar" e da "Satisfação". 

Chegando ao final do segundo aspecto entre tantas reflexões correlacionadas a Shakespeare, Lacan, Freud, entre outros, uma (óbvia) me saltou os olhos: 
"A vida considerada boa é aquela na qual eu compreendo tudo - até certo ponto, o que acontece dentro de mim e nos outros, quem sou eu - ou será aquela na qual eu não preciso compreender, pois a vida analisada seria intolerável?"
Me saltou os olhos pela obviedade que oferece à nós a nossa profunda busca para nos conhecermos mais e do quão descobrir e enxergar nossos erros pode ser tarefa dolorosa e intolerável conscientemente. 

Ainda mais quando vivemos em mercados, departamentos que mal se conversam, mal se conhecem entre si. Ou, quando a empresa contrata um consultor de "Mudança Organizacional" e teoricamente, ele busca compreender os empregados que ali estão para retirar o melhor deles, mas que sua busca apenas acaricia a casca da cultura.

Entender o "não compreender" de que é, a nossa capacidade de querer nos incluir em algo socialmente aceito e sabido, desde precisar entender uma piada, ou saber de uma (última) notícia, de ter aquela sensação de tipo "eu sei do que ele está falando" e esbravejar "eu vi", ou "eu sei do que se trata" e outros (até) olharem para você. O medo de não ser aceito pela tribo do momento é um medo fervoroso de uma solidão momentânea que evitamos passar, cuja suprimos na compra de produtos, alguns deles hedônicos. 

A satisfação de compreender de que quando queremos buscar mudanças, elas costumam começar pela mudança interna, em algumas vezes, da sua atitude perante algo. Fazendo um paralelo ao universo das empresas, é pensar: "O que sua empresa faz hoje (e fez ou deixou de fazer) para chegar a este resultado?", "Por que estamos contratando você mesmo? Mas este realmente é o ponto?"

"Freud nos diz que o conhecimento é o distanciamento; é a forma como medimos as distâncias". Em esta excelente frase, podemos falar de bastante coisa como a medida da arrogância, do ceticismo e da certeza pode nos enganar e criar a distância paradoxal. O quanto mais sabemos de algo e nos aprofundamos, maior temos a possibilidade de enxergar nossas ações de longe para 'voltar' ao ponto de início. O ignorante evita estas medições de conhecimento e ver tudo sempre de perto, como mecanismo de dominação das distâncias. É só analisarmos os efeitos do Pensamento Grupal
Que "acontece quando um grupo toma decisões erradas devido a pressões grupais que levam à a deterioração da eficiência mental, observação da realidade e avaliação moral. (Irving Janis)." ...nada mais é que seguirmos a coletividade se baseando em uma percepção criada mentalmente ou comportalmente e que você percebe como tática para definir suas ações.
Ficamos sempre enfeitiçados pelo saber de nossas situações (e condições das empresas), mas o quanto que ela realmente é verdadeira quando comparados a outras métricas? Quanto que não seguimos nossas intuições?

O que o livro está me ensinando é que podemos obter o conhecimento sobre nós mesmos a partir de nossa busca pessoal, através ou não da evolução de nossas relações interpessoais, como também nossas verdades de mercado pelos números que queremos enxergar porque não toleraríamos nos confrontar com outra verdade.

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