Cresci assistindo os comerciais do Banco do Brasil, com filhinhos felizes, pai verificando e rindo do saldo bancário e a mãe feliz cuidado da decoração da casa. Este é o futuro que penso para mim, não sou hipócrita em não me deixar levar por estes estereótipos. Fui picado pelo próprio veneno da publicidade? Sim, fui e quero continuar sendo e vivendo no mundo do irreal. Por mais que trabalhemos num mundo fantasioso, gostamos dele. É lindo. É despreocupante e nos faz pensar onde gostaríamos de melhorar. Lembra até uma frase do Steven Spielberg, que dizia: Ganho a vida sonhando.
Sonhar hoje é uma tarefa tão fácil e tao difícil ao mesmo tempo. São cobranças, horas dispendidas para o trabalho, cumprimento de metas, pressão, filho chorando em casa, o feijão que aumenta todo mês, o pãozinho que nunca vem no mesmo sabor da padaria. Essa vida é louca e nós enlouquecemos junto. Precisamos sempre de um Pequeno Príncipe, de um Peter Pan, de um Rei Arthur, de tirinhas do jornal, de publicidade, enfim de fantasia.
Deve ser por isso que hoje ainda sou correntista do BB, depois de anos incutir na minha cabeça aquela imagem perfeita. Vai saber?! Enquanto o meu senso de realidade ainda não baixa, fico aqui imaginando como é bom não fazer parte da realidade e deixar seus sonhos em palavras, em texto, para serem lidas e tornadas atemporal.
Você já sonhou hoje? Já escutou uma linda música? Já experimentou daquele produto que você sempre quis comprar, ou adora comprar? Já comeu aquela geléia importada da França que você sempre quis comprar, mas alguém sempre dizia que era cara? Deixe-se levar. Entregue-se ao prazer do consumo e da gula, viva no mundo irreal. Não deseje apenas, almeje, planeje, festeje. Faça com que o que sempre buscou aconteça. Trabalhe por isso, mas não se maltrate por isso. Escolha seu mundo, mas não sinta-se excluído dele.
E você já sonhou hoje? Não vai me dizer que foi com alguma propaganda?!
Image: The Dream - Picasso
Um comentário:
Pior que hoje não sonhei. Mas ontem sonhei que ia — do nada — para o aeroporto e pegava um avião para a Argentina apenas com uma mochila nas costas. Que sonho! Ainda faço qualquer dia.
Só não lembre de nenhuma companhia aérea envolvida. Melhor assim...
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