Em um post baseado num artigo da Cynthia Montgomery, Why Leaders Stopped Caring About Strategy -- and How They Can Reclaim It, o amigo Carlos fez a pergunta: "Se são as decisões dos humanos que ajudam a fazer a diferença, quem são os humanos, dentro de uma empresa, que mais podem afetar o futuro da organização?"
Minha resposta foi: Carlos Pereira da Cruz pela lógica do branding e do customer experience, todos.
Se todos forem guiados a olharem a estratégia pela ótica de um propósito, poderemos dizer, em um ambiente ideal, que as pessoas que afetarão o destino da empresa não serão os estrategistas, mas todos na empresa. Daí a importância de informar um porquê. Todos deveríamos ser guardiões da estratégia da empresa, tão bem quanto da marca. Assim, nesta condição ideal, a figura do líder perderia um pouco o peso já que todos seríamos um, porquê todos se comportariam motivados por alguma coisa. Contudo, com maior destaque, em um mundo mais 'real' os chamaria de orquestradores. Estes não só para manter mensagens iguais nos touchpoints, mas de ser um estimulador de projetos que busquem riqueza de significado (experiência interna e externa) e ativações do propósito, seja com RH ou nas decisões dos executivos-chefe.
Montgomery diz algo ótimo: "Rich in organizational detail, and anchored on purpose, such systems of value creation “make strategy the animating force in a company,”...“They’re the crucial link between lofty ideas and action." Transformar a idéia da estratégia em um sistema de criação de valor é sublime, mas suspeito que o desafio maior é executar algo que não fomos ensinados a pensar dentro de alguns MBAs. Por isso, a necessidade de quebrar paradigmas.
Contudo, se "São as decisões dos humanos que ajudam a fazer a diferença, que podem criar um espaço novo..." da mesma forma que a maioria dos livros sobre cultura de inovação fala que devemos dar ferramentas e condições para que os funcionários sintam-se confiantes e motivados. São esses seres humanos que vão decidir o futuro das empresas, portanto, a qualidade das decisões vai depender do ambiente tão bem quanto se eles têm propósito claros e processos e gestão eficientes de entrega. No fundo, acredito eu, é a cultura de uma empresa que muda a sociedade e afeta toda ela. Como a estratégia vive,
sobrevive e é executada pela cultura. Só através do olhar empático,
podemos "fazer a diferença" e talvez aproximar termos estrategista e
líder num só decisor e orquestrador. Coisa que estamos percebendo mais claramente não em apenas empresas como IBM, mas em startups, que escalam rápido, atraem pessoas certas e têm lucro baseado em crenças viscerais.
Dias atrás vi este post do Seth Godin, Belief is more powerful proof, que me fez pensar: "O quanto de crenças temos e levamos hoje em dia em nossas vidas e profissões? O quanto que nossas empresas têm crenças que decidem suas ações? Não cheguei a nenhuma conclusão, mas suspeito que estamos navegando para mares mais positivos. Só para lembrar as observações da Rita McGrath e do Rak Sisoda e do John Mackey.
Assim, ser estrategista hoje, me arriscaria a dizer que ele é um guardião e um alimentador do propósito. Ele é tudo para a hierarquia, e é qualquer um para a um sistema horizontal. O futuro dependerá, suspeito, não de tipo de hierarquização que ocorre na empresa, nem do tipo de cargos, mas de quão forte as empresas e pessoas conseguem enxergar para onde elas querem ir e porquê, sobretudo, quão fortes essas convicções serão fortes para se manter claras diariamente para todos de uma cultura.
picture: http://simonballemusicgcse.files.wordpress.com
5 comentários:
Então a conclusão que eu cheguei foi o contrario....os "lideres", entre aspas, são os mais importantes.....porque as pessoas que estão na empresa e vão alimentar uma cultura, ficarão ou não na empresa por influencia deles.....uma cultura só prevalece quando voce escolhe as pessoas para compor esta empresa....
Sim, num mundo real sim. Num mundo ideal, onde as startups por serem mais enxutas em sua infraestrutura as vezes, todos se tornam líderes e não apenas executores Allan.
Um abraço!
Uhmmm...todos lideres tenho minhas duvidas....assisti um bate papo com o Jorge Paulo Lemann essa semana que ele disse "Procuro aquela pessoa que ande sozinha", sem precisar que ninguem fique empurrando, tenha iniciativa.....isso no mundo corporativo voce pode contar nos dedos.....por isso acho essa questão de que todos somos lideres, uma meia verdade, e principalmente se voce quer formar uma cultura, cuidado com as pessoas que voce chama pra trabalhar na empresa....porque a união de todas elas vai formar a cultura da sua empresa....e não colocar todo mundo dentro de uma sala e ficar repetindo missao, valores....
Me identifiquei muito nesse bate-papo do Joao Paulo Lemann....ele falou muitas verdades ali...entre o que esta no papel e o que acontece na pratica....Se voce ainda nao assistiu Paulo....recomendo demais!!!!
vou pesquisar, no entanto, até para ser empreendedor você precisa ter um porquê fazer aquela tarefa. Ser tarefeiro todo mundo pode ser, andar sozinho tudo mundo pode, basta coragem e muita força de vontade empreendedora. O que levanto não é 'despejar' missão, valores nas pessoas, mas propor que elas parem de ser apenas tarefeiras e ótimas executoras. O mundo está cheio de gurus (e executivos-gurus) que dizem isso ou aquilo, mas sabem que a estrutura da propria empresa (ou do cliente) não consegue entregar pq ela mesma não muda em função de uma visão. Daí a distância entre a prática e a "teoria" e as promessas mal entregues.
A busca pela eficiência é uma busca importante, mas até a página 15, depois você se torna igual no mercado. Andar sozinho? Acho importante sim. Todos temos que ser empreendedodres, mas empreender é mais do que saber para onde quer ir, mas se perguntar "Por que existimos?"
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