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terça-feira, abril 24, 2012
O perigo do foco e do timing
Neste artigo da Forbes, Adam Hartung, descreve com muita propriedade o caminho que a Sony traçou para se tornar "quase irrelevante" hoje em dia, em contraponto às inúmeras inovações do setor de consumer eletronics que a fizeram ser uma das mais maiores empresas do mundo. E que hoje se esforça para se manter relevante com seus produtos. Mas pagou o preço pelo timing e o foco excessivo no processo e no custo. Abrindo um buraco cuja a previsão de perda deste ano será de 6,4 Bi.
Adam descreve que um dos maiores problemas foi destinar energia e foco excessivo apenas em um aspecto, a produção em grande parte. Desenvolvida como principal trunfo a Gestão/Cultura Lean cresceu e se tornou um diferencial estratégico para muitas empresas nas décadas de 80, 90 no Japão e a Sony foi uma das que melhor explorou e desenvolveu. Porém, o que se percebeu é que o investimento em Pesquisa e Desenvolvimento não acompanhou o de redução de custos.
O que era uma grande vantagem competitiva na época, vindo de Edward Deming, distraiu a companhia inteira do foco na inovação. Eles tinham processos muito bem desenhados e ganhos no custo que enlouqueceram empresas americanas. Porém o Just-in-time que acontecia, conseguiu ser replicado para outras empresas, quando não, terceirizam seus processos de produção, e o buraco no mercado já estava feito com o posicionamento brigando com outras empresas como a Dell, por custo e pouca diferenciação no setor. É bom lembrar que toda inovação tem o seu tempo também.
O posicionamento colou na marca, diminuiu-se a importância e o investimento em inovação. Patentes versus open innovation. Samsung abrindo mercado com design, Apple entrando no segmento de telefonia. Diminuiu-se a importância da Inovação dentro da empresa, refletindo na cultura e na busca por novos insights. Resultado: apenas melhorias dos produtos.
O artigo em si é interessante para empresários perceberem em que timing está a empresa, dentre os diversos investimentos que cada departamento necessita. Olhar holisticamente - muitas vezes precisando ter a orientação de fora, ajuda a alinhar a percepção externa com a interna e em que ciclo a empresa está. Auditorias são um caminho importante nesta auto-análise.
Acredito que trazendo para o mercado "mais terreno", empresas que nascem com um propósito mal definido já começam mal e são mais fáceis de cair nas tentações dos modismos, sejam com novos tipos de processos, novas linguagem, novos canais, novas mídias etc...A importância do pioneirismo deve ser balizada com a análise constante das tendências e de consumer insights. Não adianta ser percebida e ter bastante investimento, em algo novo, se este (logo mais será copiado) de uma certa maneira não agrega valor a longo prazo ao seu produto/serviço. É preciso ter a mescla dos dois. A vontade do pioneirismo (ou busca pelo aprendizado organizacional) com a divisão clara de onde investir mais energia e esforço nos já existentes processos e capabilities. Estes últimos, focados sempre no seu core business.
Quero apenas deixar claro que dependendo do posicionamento e da estratégia da empresa, ser hype ou ser low profile é uma postura que vai influenciar a forma dos investimentos e por conseguinte, fazer, construir e reforçar a personalidade e identidade da marca.
Crie critérios de avaliação e acompanhamento das novas tendências e pesquisa com consumidor sempre é um bom caminho para apontar melhorias e inputs. Portanto é sempre bom se perguntar: "Que novas ferramentas estão surgindo posso agregar à minha empresa sem retirar o foco da minha essência?"
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