segunda-feira, abril 25, 2011

O mercado te deixa inovar?

"Queremos que você OUSE, mas não esqueça do compromisso com nosso orçamento e com os resultados da empresa." Você acha q a empresa REALMENTE vai inovar? É com essa frase que começo este post sobre inovação.

Existem diversos livros que comentam e esmiuçam o processo de inovação. São inúmeros: Steven Johnson, Clemente Nóbrega, Clayton Christensen, VIJAY GOVINDARAJAN, TOM KELLEY, VENKAT RAMASWAMY, só para citar alguns.


Mas o que me vem depois dessa frase é justamente este mal da capacidade em podarmos nossa própria evolução, baseada em aspectos contraditórios a nossa própria existência. Para alguns a frase acima poderia ser respondida: "Ué, usa a criatividade.", "O cara tem que se virar." Para mim, isto é sair do propósito inicial de ser inovador: é correr riscos. Risco é começar do zero. Sem barreiras.


A Apple nunca tinha "feito" um celular na vida e lançou o Iphone. Poderia ser o maior desastre tecnológico da década e a empresa correr sérios riscos financeiros. 


A Magazine Luiza acaba de lançar uma empresa de viagens para concorrer diretamente com a CVC.


A Ford, através do entusiasmo do Alan Mullaly (novo CEO), está remodelando todos os carros da marca, inserindo conectividade e embarcando tecnologias totalmente diferentes para experiências novas. 


E tantos outros como: Caravaggio, Bill Gates, Tim O´Neill, Michael Jordan, Kiichiro Toyoda, Tom Kelley, Yes Behar, Sagmeister, Jack Dorsey, entre tantos outros.


Lembrando que existem vários tipos de inovação, que variam em processos, distribuição, produtos, serviços etc. Leia mais aqui (É MELHOR TRANSFORMAR OU INOVAR?) e aqui (INOVAÇÃO DISRUPTIVA). 


Agora transpondo isso para o mercado em geral. Você acaba de ser contratado para uma empresa, no seus primeiros dias, você doido para entregar serviço, aí chega o seu chefe e diz: "Você foi contratado para inovar, mas tens que respeitar nossas ordens internas e nosso budget." Beleza. O que fazer? Como você encara isso? Um balde água-fria ou um incentivo?


Para o capitalismo é um prato-cheio para espremer sua pestana. É o menos (muito menos) para mais. Para a evolução do mercado: você dificilmente irá realmente inovar, mas sim maquear ou apenas transformar. Converse com seus superiores.


Quando se há bloqueios, você não segue enfrente. O processo de inovação parte do princípio de que você precisa correr TOTALMENTE contra a corrente ou oferecer algo que saia do que realmente é óbvio. Tem uma citação do Gary Hamel em Competindo pelo Futuro, que gosto muito, que fala justamente sobre isso:
"O pensamento racional manda voltar às origens. O pensamento convencional manda reduzir custos. Mas o pensamento convencional está condenado. Os vencedores serão os inovadores que levam uma visão ousada para o dia a dia dos negócios. Essa é a única maneira de vencer. Você não consegue multiplicar a receita sem oferecer produtos ou serviços que deixem os clientes de queixo caído." 
Portanto, quando você ouvir isso, provavelmente você está em um sistema que não favorece a inovação, mas a transformação. O "vão" para se enxergar do outro lado da ponte é muito baixo para eles. Portanto, caia fora ou tente mostrar este pensamento. (Ou transforme da sua melhor maneira).

Respeitar budgets é uma ordem hoje em dia. De fato é necessário. Mas quando se pede algo que atravesse todas as possibilidades medianas, para entregar algo REALMENTE novo. É bom ter argumentos, mas sobretudo ter (e proporcionar) LIBERDADE.


Deixo uma apresentação apenas para ilustrar:




Bem, o mercado até pode te deixar inovar, mas só se você conseguir ter espaço para correr os riscos da sua inovação, dentro da empresa que trabalha. Acredito que isto serve para qualquer segmento e qualquer tipo de empresa. Inovação não é uma palavra que só cabe no vocábulo das grandes empresas. Inovar é um virtude humana. As empresas que racionalmente esquecem dela. 

"Para inovar, você necessita de três coisas: certo nível de conhecimento sobre seu ramo de atuação; um grande desejo de fazer algo útil; e um objetivo. O objetivo pode ser amplo ou estreito, mas você deve ter um. É preciso estar disposto a testar diferentes abordagens de um problema e não desistir até encontrar a resposta." Stephanie Kwolek, inventora da fibra sintética Kevlar


(Frase incial do post retirada do livro As Marcas no Divã, do Jaime Troiano)

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