domingo, fevereiro 22, 2015

A eficiência da imperfeição

Estamos em um momento liquido, amorfo, concentrador de riqueza e incertezas. Nossos objetivos de vida estão mais eficientes e nosso eu é bombardeado por frases de auto aceitação de nossas fraquezas e imperfeições. Somos objetos de nossos objetivos, porém nós nos tornamos instrumentos imperfeitos da eficiências industrial.
Essa dicotomia nos indica um reforço em nossas angustias diárias em sermos mais focados em nossas carreiras e atividades de vida (seja no trabalho ou no amor) sendo instrumentos de propósitos e felicidades que compramos suas idéias cada vez mais, achando que nos darão mais certezas sobre as nossas decisões. É um universo estranho entre se aceitar imperfeitamente em nossa unicidade, mas adorar se sentir igual aos outros, um normal. Aceitamos a diversidade, mas é a padronização que nos acalma.
O homem adora o padrão e padronizar. O padrão, é um conforto emocional que empresas adoram pela eficiência produtiva, mas ao mesmo tempo se torna seu maior inimigo, pois o fenômeno da redundância é custoso, caro e ineficiente diante da busca implacável da lucratividade.
Marcas crescem em busca de diferenciação, introduzindo modelos eficientes de crescimento e produção, mas pouca capacidade em se diferenciar diante do padrão (o estado permanente de commoditizacao de um produto/serviço) aceitável de competição, porque tem dificuldades em enxergar-se como empresa e sua missão e propósito, quanto seres humanos quanto criadores de valor para alguma coisa. Concorrer no mercado hoje em dia, se faz necessário ser mais rápido que a criação de um padrão. Para isso a inovação e a aceitação da incerteza e ineficiência surge como um grande angustiador para executivos que buscam uma genuína vantagem competitiva minimamente duradoura. Aceitar a incerteza é trabalhar voltado ao que mais nos atinge, nossa ineficiência em sabermos tudo, em todas as nuances e, algumas vezes nos deparar com pessoas que testam nossas convicções.
"Existem males que vem para o bem". Esta frase não existe no universo empresarial. Não existe a presença do erro, apenas projetos controlados e muito bem construídos para obter resultados rápidos e eficazes. Sim, é isso. Está certo. Nem sempre isso acontece, daí a importância em olhar os erros com o olhar humano. Quem disse que todos os dias temos que pegar o mesmo trajeto para ir ao trabalho? Podemos escolher outros. Testar. Uns terão mais cores, outros menos. Nenhum sistema é eficiente até que se prove o quanto ele é capaz de suportar sua uma resiliência. Ir além do que se tem, ou melhor, ir paralelo ao que se tem é uma maneira de dentro de universos controlados, explorar novos caminhos não-usuais.
Gerar inovação se torna um exercício de entender a natureza humana e se pôr numa situação de incerteza e insegurança sobre o futuro. Não acredito na inovação apenas pelo que os outros pedem, mas pelo que/como se sente o ambiente externo, e em como você se encaixa nele e coexiste.
Inovar tem sido cada vez mais um teste de valores para provar o quão cada ser humano é capaz de suportar e buscar seu melhor projeto. São obsessões parecidas a de alguns artistas. Cujo ambos exemplos precisam exercitar, criar ambientes propícios e favoráveis para expressar sua capacidade em ser criativo. Porém, com consequências diferentes e ambientes de experimentação diferentes e controlados, sem distrações muitas vezes. Mas que tem parecido ser cada vez mais divertidos (ou deveriam ser).
Não é de admirar que esteja longe de mim tudo o que não sou eu. Todavia, o que há mais perto de mim do que eu mesmo? - Santo Agostinho, Confissões, X, 16.
Seremos sempre imperfeitos, porque sempre seremos emocionais e intuitivos. Seremos sempre buscadores de padrões, mesmo adorando entrar nas nossas cavernas escuras de platão. Estaremos sempre longe de nós mesmos quando começamos a perder a capacidade de valorizar nossa jornada. Temos que ser efetivos em buscarmos a perfeição e eficientes em lidarmos com a imperfeição.
Henry David Thoreau disse certa vez "Men have become the tools of their tools." Eu eu me pergunto, a quem/que você serve? Por quê? Está valendo a pena? Se não, você pode até criar a eficiência no que você faz, mas não se deixará cair no inesperado gosto da incerteza. Nos impedindo de caçar além de nosso território conhecido. Que é isto que nos torna autênticos, um passo de cada vez. Quem disse que tem que ser pra frente? Por que não para o seu lado? 

O mundo é multipolar, é multiverso.
Seja efetivo em buscar a perfeição
post publicado originalmente em meu espaço no Linkedin

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