Na mesma época, século 21, a jornalista do new york times, Virginia Postrel, publicou “the substance of style” com um subtítulo intrigante: “how the rise of aesthetic value is remaking commerce, culture & consciousness”. Ela diz que a substância (ética) do estilo (estética) não depende do criador mas do público que vai julgar o que é belo. Depois de estudar muito nossa época, virginia é categórica ao afirmar que a estética está ganhando valor como um experiência independente da intenção que a originou. assim, em grande estilo, ela chuta o pau da barraca que abriga os críticos que se dizem saber o que é belo no mundo da arquitetura, do design, da moda, das artes, da estética. Veja que apesar de Virginia discordar de Elyette, elas confirmam a tese de que ética e estética são indissociáveis.
Seja na ótica-ética do criador ou do público, qualquer experiência estética se traduz num significado, mas até aí nada de novo. Novo mesmo é o que o chinês lao tse falou a 25 séculos atrás: “the way to do is to be” ou “o jeito de fazer é ser.” que invertendo dá no mesmo: “the way to be is to do” ou “o jeito de ser é fazer”.
Digo que é novo porque vivemos uma época em que a tecnologia de comunicação acelerou tanto a vida que vivemos um tempo sem intervalos, que não tem antes nem depois, só durante. tempo real, ao vivo, 24/7. Acabou o tempo entre o fato e o conhecimento do fato, entre o pensamento e a ação, entre processo e obra. não tem ensaio nem bastidores, só espetáculo.
Os teóricos dizem até que a arte acabou quando a comunicação encontrou esse tempo zero. quer dizer, acabou a obra finalizada, pronta e perfeita para ir a público. o que temos é o processo, verso e reverso, direito e avesso, ao mesmo tempo, aqui-agora, autor-espectador.
No tempo real, imagem é tudo. você é o que você faz. você faz o que você é. mais ou menos como disse lao tse. form is function.
Mas porque o Lao Tse do século 5 ac é mais contemporâneo que a Virginia e a Elyette do século 21 dc?
Mas porque o Lao Tse do século 5 ac é mais contemporâneo que a Virginia e a Elyette do século 21 dc?
Eu tenho um palpite. mas antes quero contar uma história que vivi em meados do século 20 dc, no japão, mais precisamente no santuário de Isé, onde está o templo mais sagrado e mais antigo do shintoísmo, dedicado à deusa amaterasu.
Esse templo tem mais de 2000 anos mas é demolido e reconstruído a cada 20 anos. a minha cabeça ocidental não entendeu como que uma obra pode ter 2000 anos se é demolida a cada 20, e fui atrás da resposta. veja o que aprendi: ao demolir o prédio (estética) eles querem preservar o seu significado (ética) que é lembrar que “na vida tudo é impermanente”. eles fazem isso a cada 20 anos porque é o tempo de uma geração aprender essa verdade fundamental. mas não é só isso. O processo de construção do novo templo começa assim que o outro fica pronto. em várias regiões do japão a madeira e as pedras que servirão para construção começam a ser colhidas e preparadas.
Aos poucos esse material é transportado sempre por meios naturais nunca por motores. as madeiras são roladas pelas estradas, levadas pelos rios, em carros de boi, passando por rituais, parando de aldeia em aldeia, de cidade em cidade até chegar à ilha sagrada nas vésperas de iniciar a construção. Quando soube de todo esse processo que dura 20 anos eu entendi: o templo era o processo e não a obra!
O rito, o fazer cotidiano, a vida em permanente fluir, ali, naquela estética (fazer) estava a ética (o significado). não havia um processo vulgar para se construir uma obra sagrada. Sem antes nem depois, só gerúndio. apenas e sempre construinnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnndo.
Elyette e Virginia viram a obra enquanto lao tse viu o processo. por isso elas viram um antes e um depois e ele viu o presente, o eterno presente, o tempo real, onde as coisas são o que são, sem intenção nem opinião.
Esse templo tem mais de 2000 anos mas é demolido e reconstruído a cada 20 anos. a minha cabeça ocidental não entendeu como que uma obra pode ter 2000 anos se é demolida a cada 20, e fui atrás da resposta. veja o que aprendi: ao demolir o prédio (estética) eles querem preservar o seu significado (ética) que é lembrar que “na vida tudo é impermanente”. eles fazem isso a cada 20 anos porque é o tempo de uma geração aprender essa verdade fundamental. mas não é só isso. O processo de construção do novo templo começa assim que o outro fica pronto. em várias regiões do japão a madeira e as pedras que servirão para construção começam a ser colhidas e preparadas.
Aos poucos esse material é transportado sempre por meios naturais nunca por motores. as madeiras são roladas pelas estradas, levadas pelos rios, em carros de boi, passando por rituais, parando de aldeia em aldeia, de cidade em cidade até chegar à ilha sagrada nas vésperas de iniciar a construção. Quando soube de todo esse processo que dura 20 anos eu entendi: o templo era o processo e não a obra!
O rito, o fazer cotidiano, a vida em permanente fluir, ali, naquela estética (fazer) estava a ética (o significado). não havia um processo vulgar para se construir uma obra sagrada. Sem antes nem depois, só gerúndio. apenas e sempre construinnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnndo.
Elyette e Virginia viram a obra enquanto lao tse viu o processo. por isso elas viram um antes e um depois e ele viu o presente, o eterno presente, o tempo real, onde as coisas são o que são, sem intenção nem opinião.
3 comentários:
A estética se tornou nos últimos anos uma variante importante em homens. Mais antes também foi importante a elegância. Só que agora há mais opções para se vestir bem e para uma pessoa de boa aparência. Eu tenho miopia e se tenho que usar óculos é importante que os cores combinem com as roupas que eu tenho.
Jorge, que bom a sua participação aqui no blog.
Você falou e lembrei de um frase que li hoje que acho que casa com o que você comentou: "A maneira de se conseguir boa reputação reside no esforço em ser aquilo que se deseja parecer.", do Sócrates. Se trocarmos ética por reputação, casará também.
um abraço!
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