Se somos movidos pela a insatisfação, a morte pode ser o estimulo para o alívio dela. Uma vez tida a certeza da morte a insatisfação e a obsessão por encontrar e realizar projetos que tentamos a vida inteira - e todas a segundas-feiras vão começar a se esvair. A morte pode ser um libertador.
Porém convivemos com a iminência dela no dia-dia criando distrações e "outras vidas" inseridas intertextualmente em cada atividade que temos. Nossa vida pós-moderna (ou liquida) é um livro com serie de links intertextuais que se amplificam, se realçam ou são criados com a maior interação no dia-dia com as pessoas e a tecnologia.
Neste aspectos nos ampliamos cada vez mais na busca de satisfazer algo interno que nos insatisfaz: a vontade de sermos mais nós mesmos.
Sermos nós é difícil e exige esforço e é incessante. Sermos nós é procurar não olhar pra o espelho da morte, ou melhor, olhar ele com outros olhos do que o cotidiano destrutivo dos jornais e televisões, mas com um olhar mais antropológico e centrado em nossa existência e relação com o mundo e não com os meios.
A morte nos ajuda a Viver, mas nos mostra a finitide de nossa insatisfação e com a mistura da incapacidade de mudança. Coisa que durante nossa vida testamos em nós mesmos, nossos limites.
Isso me lembra a frase de Steve Jobs:
“Lembrar que eu estarei morto em breve é a ferramenta mais importante que eu encontrei para me ajudar a fazer grandes escolhas na vida. Por que quase tudo – todas as expectativas externas, todo o orgulho, todo o medo de se envergonhar ou de errar – isto tudo cai diante da face da morte, restando apenas o que realmente é importante. Lembrar que você vai morrer é a melhor maneira para eu saber evitar em pensar que tenho algo a perder. Você já está nu.Não há razão para não seguir o seu coração.” – discurso durante formatura em Stanford, 2005
O que queremos aqui é mostrar ao mundo novas faces do que queremos ser, porque no fundo temos a vontade da mudança, apesar de resistirmos à ela bravamente. E a mudança é uma condição de (r)evolução constante que se propor é compreender que a morte fica mais próxima, ou pode nos abater a cada instante. O senso de urgência em viver e ser feliz nos consome e nos faz ter atitudes impensáveis e impensada (positivas ou negativas) por nós mesmos e pelos que estão inseridos na sintonia do status quo. Viver - o nosso ideal assusta, mas também provoca a sensação de realização e capacidade de mudança diante do inevitável. A finitude da morte. Ou tudo é uma questão de percepção.
O post foi inspirado no livro de Alain de Botton - Como Proust pode mudar sua vida.
(O post trabalha diante da percepção da morte pela ótica do cristianismo. Não sendo totalmente o reflexo da minha percepção, apenas um fragmento dela.)