sábado, março 12, 2016

O design thinking, a mulher e os valores que o ser humano esqueceu

Estes tempos lendo várias coisas diferentes, acabei sendo levado a fazer combinações de conteúdos que soaram meio estranha a primeira vista, mas vêm me causando uma reflexão pessoal grande.

A combinação
Riane Eisler propõe algo muito básico e muito lógico. Que possamos retomar um modelo de cuidado entre as relações, um modelo de parceria. Ela estimula a gente a pensar que este modelo atual de extração e dominação nos campos ambientas, de sociedade e polarizados não nos levou a nada, sobretudo porque eles tiveram uma base masculina em sua essência.

O papel do homem foi mudando ao longo dos séculos e este papel foi criando uma força destruidora em diversos níveis, afastando o aspecto de cuidado e parceria que havia no passado. Uma economia cuja parceria (não no sentido puramente econômico, mas no sentido social) é se torna um modelo vigente, carrega mais poder, pois não polariza, injeta mais valores femininos e aproxima o real significado de se construir algo junto independente . Vivemos um momento de transição como reflexo isto, e segundo ela, quando existe uma melhoria da qualidade de vida das mulheres existe um melhor PIB.



Ou seja, se formos olhar este video de forma isolada, sem o olhar político, suscito a pensar que o ser humano se afastou dele mesmo ao longo dos milênios por conta de fatores externos como ambientais e depois fatores industriais. 


Essa separação criou uma relação de poder e influência que perpetuou muitas guerras, polaridades e atritos sociais e familiares por gerações.

Curiosamente, um livro que terminei de ler que o recomendo fortemente, é o do Ezio Manzini, Design, When Everybody Designs: An Introduction to Design for Social Innovation. Descreve sobre o poder social do design, mas sobretudo, Ezio interpreta que o papel do designer ganhou proporções no mundo maiores e mais elásticas porque ele acredita fortemente que as pessoas têm poder de designing

Dois trechos recentes gostei muito:
"A inovação social e as organizações colaborativas têm...de algum modo nos re-habilitado e requalificado [para relembrar sobre a pratica da colaboração. Retrato esse que]... um número grande de pessoas não apenas estão redescobrindo o valor da colaboração, mas também aprendendo novamente a colaborar." 
Juntando
O que me suscitou ao juntar as duas linhas de pensamento foi que, diante do crescente modelo social em constante mudança que estamos vivendo, cuja colaboração está se tornando mais que um modelo econômico, mas sim uma virtude diluída na sociedade e sendo resgatado pela esperança e pelo acesso a exemplos convincentes (pela internet). Pensei: Seria o designer (e/ou a inovação social), um alavancador destas virtudes (simbolicamente) femininas da união, que talvez fomos nos esquecendo ao longo dos séculos? 

Sei que o gênero homem é participativo e é colaborativo. Acredito muito que é uma questão de cultura e de como fomos ensinados geração por geração, (baseado ou não nesta teoria no video da Riane).

O que me provoca é que as bases valiosas do design thinking são: empatia, colaboração, e experimentação. Basicamente, as duas primeiras são valores que exigem um grau de sensibilidade e sensibilização para que eles surjam e sejam adicionados no dia-dia. 

Estes dois valores são valores universais. É o que se deve fazer na vida como um todo! Coletividade não têm sexo.


Ezio comenta em seu livro que o papel do design como ativista social foi impulsionado justamente pelo poder de colaboração dado pelas redes, e é justamente este ponto. Porquê um gênero que 'foi desacostumado' a não colaborar ao longo dos séculos, está voltando a ter este ímpeto? É porque viu um novo martelo pela frente (leia-se a internet)? Acredito que não é só isso. Mas a mudança de novas possibilidades econômicas de se trabalhar, uma cisão no modelo das empresas, uma nova relação de trabalho com novas empresas emergentes e sobretudo uma fluido pensamento social que fomos laçados impulsionado pela internet e novas referências. Talvez isto tenho despertado essa sensibilidade não apenas para o fazer, mas também, para despertar uma elevação de consciência maior no próprio gênero masculino. 

Perguntei-meA Inovação Social teria um composto feminino da colaboração maior como impulsionador social, do que aquele estereótipo da competição e dominação personificada pela figura masculina, esquecida ao longo dos anos? A inovação social seria a faceta colaborativa para re-conduzir não só alguns valores, mas também progresso sistêmico para as cidades e bairros?

Sei que parece meio exacerbação, mas penso que quanto mais o design thinking for difundido realçando com bases sólidas estes 3 valores, a sociedade poderá ser aos poucos sensibilizada como se passasse uma camada que amolecesse o sistema de interação, julgamento e convívio social ao longo até então de cada um. Sendo o papel do designer hoje muito mais forte e importante numa construção de redes de relações.

Não só re-preparar pessoas para entender outras, mas também ter mais acesso a educação de conceitos como sustentabilidade, Cultura de Paz, comunicação não-violenta e o próprio empreendedorismo. 

A forma de pensar do design congrega temas, pois estimula vontades, desejos e ideias a saírem do campo da ideia para o real. Por isso que é tão importante que bases novas sociais sejam formadas com mais valores com profundidades universais e escaláveis. Sim, o design thinking é um pacote de valores escaláveis.

Ezio exemplifica isso com uma frase muito boa:
"...as capacidades para designing e colaboração são ambas intrínsecas a natureza humana, mas de acordo com o contexto nos quais as pessoas encontram-se vivendo, cada uma talvez esteja ou cultivando e desperdiçando elas. Assim, uma importante tarefa do expert em design é promover e desenvolver essas capacidades de forma difundida."
Então
Fornecer melhores condições para as mulheres hoje são tão importantes quanto relembrar os valores da parceria e da igualdade de relação, não de papéis. Este novo 'casamento' psicológico, social e progressivo vem sendo estimulado cada vez mais por diversas tendências, sobretudo pelo nossa disposição - tirando os radicais e extremistas - a poder ouvir e selecionar o que nos faz mais sentido.


Cultivar a parceria entre os sexos, encarará não só a mulher como componente de valor social - não apenas posta em áreas de trabalho genuinamente 'do cuidar', resgata que somos todos iguais e por isso somos um. Dependemos de cada um, porquê o que fazemos tem causa e efeito em algum momento. 

Que tal se 
a partir de agora (a causa) agíssemos através de novas bases de valor compartilhado para criar novos efeitos onde todos pudessem ser reconhecidos com valor e interdependentes? 

*imagem Rodion Kutsaev

Nenhum comentário: